COMO A IA ESTÁ SENDO USADA NA INDÚSTRIA DA MODA
- Mariele Santos
- 9 de ago. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de ago. de 2024
Foto: Vogue Inteligência Artificial (Courtesy of Rachel Koukal)
Não é recente o flerte da moda com a Inteligência Artificial. A tecnologia passou a auxiliar os estilistas na criação de novas coleções. Protótipos de peças, desfiles programados e até modelos virtuais passaram a ser frequentes na indústria.
Imagine um futuro em que a moda é moldada pela inteligência artificial, onde designers colaboram com assistentes virtuais capazes de aprender com milhões de imagens, texturas, cores e tendências.
Foto: Inteligência Artificial (Karen Merilyn)
Essa visão, que parece saída de um filme futurista, já é uma realidade em constante evolução. Grandes marcas estão utilizando algoritmos de IA para criar peças de vestuário originais e personalizadas para cada cliente, indo além do simples ajuste de tamanho para abraçar o estilo e as preferências individuais.
Uma prova disso é a criação da AI Fashion Week, um evento de moda onde todas as coleções são geradas com o auxílio da IA. No entanto, essa transformação vai ainda mais além, abrindo portas para possibilidades inimagináveis no mundo da moda.
Foto: Inteligência Artificial (trendland)
Pense em roupas que se adaptam ao seu humor, clima ou ocasião, mudando de cor ou padrão instantaneamente. Graças à IA e à inovação têxtil, essa realidade está mais próxima do que nunca. Imagine também peças de vestuário que “aprendem” com o seu comportamento, ajustando-se às suas necessidades ao longo do dia. A IA está pavimentando o caminho para uma era de criatividade e personalização sem precedentes.
Marcas estão oferecendo recomendações personalizadas aos clientes, analisando dados como medidas, histórico de compras e feedback de estilo para sugerir peças que correspondam às preferências individuais. Além disso, a IA está auxiliando designers no processo criativo, gerando designs de malha personalizados e analisando dados de moda para criar peças únicas baseadas nas preferências do usuário.
A IA também está revolucionando a produção, otimizando-a para reduzir o desperdício. Modelos de IA preveem tendências de moda e produzem roupas sob demanda, eliminando o excesso de estoque. Além disso, a análise de dados de redes sociais permite a detecção de tendências emergentes antes mesmo de se tornarem mainstream.
A integração da IA com a realidade virtual e aumentada proporciona novas experiências de compra, permitindo que os consumidores “experimentem” roupas virtualmente antes de adquiri-las. Além disso, a IA é usada para rastrear e analisar tendências em tempo real, auxiliando marcas e revendedores a tomar decisões informadas sobre o que produzir e quando colocar itens à venda.
Enquanto a IA traz inúmeras vantagens, também surgem questões éticas e desafios. A falta de diversidade nas representações geradas pela IA e o possível impacto nas profissões tradicionais da moda são preocupações válidas.
A indústria da moda está sendo profundamente influenciada pela revolução da inteligência artificial, e o setor fashion não está imune a essa transformação. A capacidade dos algoritmos inteligentes de analisar tendências passadas, dados de consumo e influências culturais está oferecendo valiosas percepções sobre preferências de estilo, paletas de cores populares e combinações de tecidos.
Apesar de sua contribuição como ferramenta de criação, a Inteligência Artificial suscita inquietações entre designers e estilistas, que debatem sobre até que ponto ela complementa ou ameaça essas profissões no mundo da moda.
Luiza Brasil, jornalista e colunista da Revista Glamour, enfatiza que a integração da inteligência artificial à moda pode impulsionar avanços substanciais em termos de sustentabilidade e eficiência. Ela acredita que a análise de dados fornecida pela IA pode melhorar a compreensão das preferências dos consumidores, identificar tendências emergentes e criar produtos mais alinhados com as demandas do mercado.
Marcas estão adotando ferramentas como Midjourney, Dall-e e Stable Diffusion, que oferecem recursos avançados de geração de conteúdo programado por algoritmos a partir de comandos de texto. Esses programas permitem a criação personalizada de imagens, peças de vestuário e cenários, impulsionando a inovação e a eficiência no processo criativo.
A pandemia da Covid-19 impulsionou uma rápida digitalização nos processos de desenvolvimento e produção na indústria da moda, incluindo a adoção de técnicas como a modelagem em 3D. Essa transformação foi uma resposta às limitações impostas e permitiu a continuidade das atividades durante os períodos de quarentena, ao mesmo tempo em que contribuiu para a redução do desperdício.
Por meio de algoritmos inteligentes, marcas e estilistas estão explorando o potencial de sucesso de peças e coleções antes de produzi-las em grande escala. Essa abordagem visa minimizar a presença de produtos parados em prateleiras de desconto ou, ainda pior, destinados ao descarte.
A inteligência artificial também está impulsionando o desenvolvimento de modelos mais sustentáveis, possibilitando testes e moldes sem a necessidade de utilizar tecidos, o que reduz significativamente a geração de resíduos.
Apesar das vantagens significativas da IA na moda, surgem também preocupações. A falta de diversidade é uma crítica recorrente, uma vez que os modelos gerados pela IA frequentemente representam um padrão específico, contradizendo a valorização da diversidade corporal.
Maria Antonia Romão, professora da Universidade Estadual de Londrina e designer de moda, enfatiza que, embora a IA possa gerar ideias, ela não substitui as habilidades técnicas, sensibilidade artística e humana que são características essenciais de um designer de moda. O uso de “modelos” criados pela IA em campanhas publicitárias também levanta questões sobre emprego e representação.
Como equilibrar seu papel complementar com as questões éticas e de emprego à medida que a indústria avança na era da inovação tecnológica?
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