Encontro +B Amazônia: Mediando Diálogos sobre Direitos Humanos e Regeneração em Belém
- Mariele Santos
- 3 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de out.
Tive a honra de mediar dois painéis fundamentais no Encontro +B Amazônia, realizado entre 3 e 5 de setembro de 2025, na Universidade Federal do Pará, em Belém, Pará — cidade que sediará a COP30. Foi uma experiência tão intensa que é difícil traduzir em palavras.

Em um ano tão desafiador, nos desafiamos com o lema “A raiz do futuro”, construindo um evento que marcou o caminho rumo à COP30, ativando vozes, saberes e ações que impulsionam uma transição socioambiental mais justa. Conduzir debates sobre Direitos Humanos e sobre Regeneração, Alimentação e Usos do Solo me fez retornar às minhas raízes — quando trabalhei com cooperativas populares no Vale do Ribeira, junto à ITCP da Universidade Federal do Paraná. Foram esses primeiros passos que me mostraram como os temas sociais e ambientais estão intrinsecamente ligados, especialmente diante da complexa realidade amazônica.
O painel de Direitos Humanos trouxe a urgência de conectar direitos humanos às realidades locais, com atenção especial para as populações tradicionais e indígenas da Amazônia. Isabela da Silva Jatene (Universidade Federal do Pará) destacou o trabalho fundamental do programa Pro Paz e trouxe uma reflexão crítica sobre a divisão entre natureza e cultura, defendendo a união dos direitos ambientais e sociais.

Nana Lima (Think Eva e Think Olga) iluminou os desafios da equidade de gênero, ressaltando a necessidade de práticas empresariais verdadeiramente comprometidas com o respeito às mulheres e a urgência de uma perspectiva de gênero nas políticas de infraestrutura. Fabio Mariano da Silva (Fundação São Paulo) reforçou o papel das ações concretas, como a contratação de professores negros e o combate ao assédio, ampliando o debate sobre masculinidades e os direitos de grupos minorizados. A conversa deixou claro que direitos humanos não são opcionais — precisam estar no centro de qualquer projeto que pretenda ser sustentável.

No painel sobre Regeneração, Alimentação e Usos do Solo, ao lado de especialistas brilhantes como Fernanda Stefani (100% Amazônia), Max Petrucci (Mahta), Manuel Saurí (Agua Segura), Paulo Monteiro dos Reis (Assobio e Manioca) e Luiz Antonio C.S. Brasi Filho (Origens Brasil), ficou ainda mais evidente que debater o futuro da Amazônia é, acima de tudo, debater humanidade. A floresta é casa, cultura, alimento, território de gente de múltiplas origens, saberes e sonhos.
Discutimos de maneira profunda como a regeneração do solo vai muito além da questão ambiental: trata-se também de uma luta por direitos básicos — à terra, à água, à alimentação saudável, à dignidade das populações que mantêm a floresta viva. Falamos sobre sistemas agroflorestais, práticas regenerativas e bioeconomia, mas, sobretudo, sobre a urgência de ouvir e incluir quem há gerações protege esses territórios, muitas vezes enfrentando insegurança e invisibilidade.

O painel deixou claro que proteger a Amazônia é garantir direitos. É associar inovação tecnológica ao respeito pelas culturas tradicionais, valorizar a diversidade e promover governança coletiva, sempre com transparência e justiça social. Só assim será possível avançar para modelos realmente sustentáveis, que mantenham a floresta em pé e assegurem vida digna a quem nela habita. Nosso painel foi curto, mas extremamente rico. A semente foi plantada — e fizemos barulho. Saímos certos de que conversas assim ecoam para além do tempo do evento.

Além dos conteúdos debatidos, que intenso foi esse encontro. Teve encontro com os encantados, de terras sagradas. Teve encontro do Sistema B Brasil junto ao Sistema B Internacional, fazendo mágica nesta terra, preparando com muita encantaria o acolhimento das pessoas. A energia do evento foi de colaboração, afeto e compromisso genuíno com a transformação.

Agradeço de coração a todos que, com sua força e apoio, tornaram esse momento possível — especialmente à Isabela da Silva Jatene (Universidade Federal do Pará), Fabio Mariano da Silva (Fundação São Paulo), Nana Lima (Think Eva e Think Olga), Fernanda Stefani (100% Amazônia), Max Petrucci (Mahta), Manuel Saurí (Agua Segura), Paulo Monteiro dos Reis (Assobio e Manioca) e Luiz Antonio C.S. Brasi Filho (Origens Brasil).
Minha profunda gratidão às lideranças que estiveram ao nosso lado apoiando, incentivando e abrindo caminhos — Jéssica Silva, Cinthia Gherardi e Rodrigo Gaspar — e ao coletivo plural e engajado do Sistema B Brasil: Juliette Antunes, Anna Carolina de Souza Santos, Daniele Pinheiro Cardia, Frederico Antunes Soares, Marina Stephani, Igor Maguellitoh, Jean Roversi, Juan Domingues, Juliane Sousa, Lygia Anthero, Raíssa Resende, Priscila Konce e Adila Nascimento, que constroem diariamente um futuro mais justo e sustentável.

Um agradecimento especial aos voluntários da Universidade Federal do Pará, cuja dedicação e compromisso foram fundamentais para o sucesso do nosso encontro. Foi graças ao cuidado, alegria e organização de vocês que cada participante se sentiu acolhido.

Regenerar a Amazônia é também regenerar relações humanas, fortalecer o protagonismo dos povos amazônicos e garantir que os direitos fundamentais estejam sempre no centro das soluções. Seguimos juntos, promovendo discussões relevantes e ações concretas para um futuro mais justo e sustentável para a Amazônia e para o mundo.





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