A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA ANCESTRAL: INOVAÇÃO E RESISTÊNCIA ATRAVÉS DO CONHECIMENTO TRADICIONAL
- Mariele Santos
- 8 de mai.
- 2 min de leitura
A tecnologia ancestral é parte fundamental da nossa história, uma herança que se perpetua por meio da oralidade, dos saberes práticos e do modo de vida das comunidades. Ela representa não apenas soluções do passado, mas também inovações sustentáveis que continuam a inspirar o presente. Um exemplo marcante dessa resistência e criatividade é o trabalho de Edna Dantas, 55 anos, e Maria Gabrielly Dantas, 27 anos, mãe e filha que transformam materiais recicláveis em peças, soluções e tecnologias comprometidas com a preservação ambiental.


Protagonizado por mulheres negras, o projeto Casa de Sal, em Pernambuco, é a primeira casa vertical construída com garrafas de vidro no mundo. Idealizada em 2020, a construção utilizou mais de oito mil garrafas recolhidas da Praia do Sossego, na Ilha de Itamaracá, região metropolitana do Recife. Além de retirar resíduos das ruas, a iniciativa se tornou um símbolo de moradia ecológica e justiça ambiental, mostrando como a tecnologia ancestral pode ser reinventada para enfrentar desafios contemporâneos.
A Casa de Sal é apenas uma das muitas ações sustentáveis desenvolvidas por Edna e Maria Gabrielly, fruto de uma consciência ecológica transmitida através de gerações. Edna, educadora socioambiental, aprendeu com seus pais, Pedro e Severina, a importância de reutilizar recursos e criar soluções a partir do que já existe. Esse princípio, comum em comunidades que precisam inovar com poucos recursos, guiou também a trajetória de sua filha, hoje designer de moda circular.

Na Ilha de Itamaracá, elas trabalharam em parceria com moradores, criando jardins ecológicos a partir de pneus e outros materiais descartados. Foi durante esse processo que perceberam o potencial das garrafas de vidro abandonadas, levando à construção da Casa de Sal. Seguindo a mesma metodologia, também desenvolveram quatro eco-lixeiras e já retiraram mais de 13 mil garrafas da comunidade, que possui cerca de 1.800 habitantes fora da temporada de verão.
Além de ser um marco arquitetônico, a Casa de Sal se tornou um centro de turismo de base comunitária e ecoturismo, atraindo visitantes interessados em conhecer práticas sustentáveis e vivenciar a cultura local. O projeto reforça a importância da tecnologia ancestral como ferramenta de transformação social, mostrando que inovação e tradição podem caminhar juntas na busca por um futuro mais justo e equilibrado.

Por que a tecnologia ancestral importa?
Ela carrega saberes que desafiam a lógica do desperdício, oferecendo alternativas viáveis para questões como moradia, alimentação e gestão de resíduos. Em um mundo que enfrenta crises ambientais e desigualdades, esses conhecimentos não são apenas memórias do passado, mas sementes para um futuro possível.
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