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NAGORNO-KARABAKH: UM LAMENTO CONTÍNUO DE INJUSTIÇA, POLÍTICA COVARDE E A CARÊNCIA DE VISIBILIDADE PARA O CONFLITO

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 29 de set. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de ago. de 2024


A história está repleta de conflitos étnicos e territoriais que geraram consequências humanitárias devastadoras. Um desses episódios recentes foi a guerra entre o Azerbaijão e a Armênia, eclodida em 2020 na região disputada de Nagorno-Karabakh, e que teve profundos impactos humanitários.


Antecedentes históricos (início do século XX): A história da disputa entre o Azerbaijão e a Armênia remonta ao colapso do Império Russo no início do século XX. Em 1918, após a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa, a região de Nagorno-Karabakh, habitada em sua maioria por armênios, foi incorporada à República Democrática do Azerbaijão. Esse movimento desencadeou tensões étnicas, uma vez que os armênios buscavam a reunificação com a Armênia.


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A guerra em Nagorno Karabakh deixou dezenas de soldados mortos, que foram enterrados no cemitério militar de Yerablur, em Yerevan, Armênia. 22 de novembro de 2020. | Gevorg Ghazaryan — Shutterstock.


Anos 1980 e 1990 (intensificação do conflito): As tensões em Nagorno-Karabakh aumentaram significativamente nas décadas de 1980 e 1990, à medida que ambos os lados reivindicavam o território como seu legítimo direito. A União Soviética, que controlava a região, não conseguiu resolver as tensões de forma eficaz. Em 1988, o governo de Nagorno-Karabakh votou pela unificação com a Armênia, desencadeando protestos e violência. Em 1989, a Armênia e o Azerbaijão entraram em confronto direto, resultando em perdas humanas significativas. Em 1991, com o colapso da União Soviética, ambos os países declararam independência, aprofundando ainda mais o conflito.


Guerra e cessar-fogo de 1994: A guerra em larga escala eclodiu em 1992, quando as forças armênias e azerbaijanas entraram em confronto direto em Nagorno-Karabakh e nas regiões circundantes. A guerra foi marcada por combates intensos, ataques a civis e deslocamento em massa de pessoas. Em 1994, um cessar-fogo mediado pela Rússia foi finalmente alcançado, encerrando formalmente o conflito.


Ressurgimento do conflito em 2020: As décadas seguintes ao cessar-fogo foram caracterizadas por uma paz instável, com confrontos esporádicos e um status quo precário em Nagorno-Karabakh. No entanto, em setembro de 2020, a situação escalou rapidamente. O Azerbaijão lançou uma ofensiva militar em grande escala em Nagorno-Karabakh, com o apoio da Turquia, enquanto a Armênia respondeu mobilizando suas forças. Essa escalada de violência resultou em uma série de confrontos mortais, com vítimas civis e militares de ambos os lados. A comunidade internacional expressou preocupação com a situação e instou as partes a negociar um novo cessar-fogo. Em novembro de 2020, um acordo de cessar-fogo foi alcançado, estabelecendo uma trégua e permitindo a entrada de forças de paz russas na região.


As tensões entre os dois lados têm aumentado significativamente nos últimos meses, e culminaram em confrontos. O momento é importante porque as potências que atuaram como mediadoras no passado, como Rússia, França e Estados Unidos, estão focadas em lidar com a pandemia de Covid-19, em meio a eleições presidenciais (como no caso norte-americano) e a uma lista de crises no mundo, do Líbano a Belarus. Conflitos menores registrados em julho levaram a uma resposta internacional silenciosa. A Turquia, que apoia os turcomanos étnicos do Azerbaijão aos quais os turcos são aparentados, realizou grandes exercícios militares com os azeris em julho e agosto. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que Ancara ficaria do lado do Azerbaijão “com todos os seus recursos e o coração”. Ele não indicou diretamente se seu país está fornecendo especialistas militares, drones e aviões de guerra ao lado azeri, como alega a Armênia. O Azerbaijão nega.


Em resumo, a guerra entre o Azerbaijão e a Armênia é um conflito complexo que se estende por décadas e tem suas raízes em disputas étnicas e territoriais. A história desse conflito é marcada por períodos de violência, tensões e tentativas de resolução, com o último surto significativo de violência ocorrendo em 2020. A situação continua sendo um desafio para a estabilidade na região do Cáucaso.


É evidente que também estão em jogo interesses energéticos significativos. De acordo com o Sipri, as dinâmicas geopolíticas relacionadas aos oleodutos que conectam o Mar Cáspio à Europa, localizados a aproximadamente 60 quilômetros da área em disputa e ocasionalmente alvos de ataques, conferiram maior relevância ao conflito para várias nações. Conforme observa Ariel Cohen, do Atlantic Council, as aspirações da Europa de explorar os recursos do Mar Cáspio como uma forma de diminuir sua dependência das fontes de petróleo russas podem estar ameaçadas devido a esse conflito.


A guerra em Nagorno-Karabakh causou uma séria crise humanitária. As hostilidades resultaram em mortes e ferimentos, deslocamentos em massa de civis e a destruição de infraestruturas essenciais. Isso deixou muitos armênios desabrigados, sem acesso a cuidados de saúde adequados e em situação de insegurança alimentar. Além disso, a falta de acesso a água potável e saneamento básico tornou a vida ainda mais difícil para as pessoas afetadas.


O presidente da região, Samvel Saharamanyan, recentemente assinou um decreto que extingue todas as instituições locais a partir de 1º de janeiro. Enquanto isso, mais da metade da população local, composta por 120 mil pessoas, já fugiu em busca de segurança, percorrendo a sinuosa estrada de montanha que liga o território à Armênia. Essa fuga em massa se segue a uma ofensiva militar relâmpago de 24 horas pelo Azerbaijão, que tomou o controle da região na semana passada.




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